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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Problemas Ecológicos do Rio São Francisco

Durante 99 dias percorri a remo os 2.800 km do rio São Francisco em canoa canadense, acampando em suas margens, ou compartilhando a hospitalidade dos povos ribeirinhos. Meu primeiro objetivo nesta viagem era conhecer o rio como um aventureiro, sem outras preocupações senão enfrentar o desconhecido de forma autônoma. E nos primeiros 20 dias foi exatamente esta a percepção que tive desse majestoso rio, pois, em sua fase inicial, o que predominam são áreas pouco povoadas, matas ciliares bem preservadas e uma sucessão de pequenas corredeiras entremeadas com remansos.

Porém, logo as questões ambientais passaram a ser minha maior preocupação e cuidados, pois evidências começavam a aparecer no caminho, seja pela presença de gado às margens do rio, seja pela constatação de pesca predatória, ou mesmo a certeza de que fazendas às margens do rio estavam contaminando suas águas com o excesso de agrotóxicos utilizados nas plantações. Mesmo quando essas evidências não eram tão óbvias, os próprios ribeirinhos comentavam ocorrências de crimes ambientais: plantações de cana-de-açúcar onde o vinhoto era descarregado nas águas do Velho Chico.

A pesca, antes da represa de Três Marias, é praticada por profissionais e amadores. Os primeiros são os próprios ribeirinhos e pessoas vindas das cidades para abastecer grandes comerciantes com dourados, piranhas, pintados e tantas outras espécies apreciadas pelos consumidores. O problema é a forma com que esses profissionais atuam no rio: utilizam uma prática denominada PINDA, que consiste em fincar dezenas de varas nas barrancas dos rios, deixando que os peixes se enrosquem nos anzóis. No final do dia, ou no dia seguinte, vêm buscar sua pesca.

Ocorre que a quantidade é tamanha que os próprios pescadores acabam abandonando as varas nas margens por vários dias e, quando finalmente vêm buscá-las, os peixes já estão mortos e apodrecidos, ou comidos por outros peixes. Um desperdício! A quantidade desperdiçada é impressionante e injustificável! Não saberia estimar os prejuízos, nem avaliar o impacto dessas perdas para as populações de peixes do rio, mas como são peixes de porte médio, acredito que o impacto seja relevante por atingir justamente os indivíduos em plena fase de reprodução, machos e fêmeas.

Quanto aos amadores, o impacto já é bem maior, por incrível que pareça. Existem dezenas de ranchos de pesca ao longo do rio, com toda infraestrutura necessária para receber barcos potentes e equipados com tecnologia inacessível para os pescadores profissionais. Assim, esses amadores conseguem “ver” os maiores peixes nos sonares e caçá-los com grande facilidade. Em pouco tempo, eles retiram do rio os maiores espécimes, em uma concorrência desleal com os profissionais e com os próprios peixes.

Passando a barragem de Três Marias esses problemas persistem e se agravam, com a maior concentração humana nas proximidades do rio, além de novos problemas de maior gravidade. A primeira percepção que temos é que as matas ciliares já não são tão contínuas e nem tão largas. Às vezes, é apenas uma linha estreita às margens do rio, insuficientes para abastecer de vida esse ecossistema. Porém, a barragem tem um aspecto ainda mais perverso: sua função reguladora do rio!

Antes da construção de Três Marias, o rio tinha um ciclo natural de cheias e vazantes, caracterizadas pelas épocas das chuvas e da seca em toda sua extensão. Com isso, as margens se expandiam e se retraíam sazonalmente, irrigando as margens e abastecendo as lagoas vicinais, verdadeiros berçários de peixes, aves e mamíferos. Na enchente, as fêmeas saíam pelos canais até as lagoas e lá depositavam seus ovos, que eram fecundados pelos machos reprodutores. Esses ovos davam origem aos alevinos, que cresciam nas lagoas até as próximas cheias, quando então retornavam ao rio.

Com a construção da hidrelétrica, o regime do rio se modificou, e o homem passou a controlar sua vazão conforme seus interesses, reduzindo drasticamente esse processo cíclico de reprodução e de abastecimento das lagoas. Não somente os peixes foram prejudicados, mas toda cadeia alimentar de todas as espécies que utilizavam as lagoas como berçários naturais, principalmente os pássaros e felinos. É evidente que a população de todo ecossistema sofreu dramática redução, inclusive com o desaparecimento de muitas espécies, em especial dos felinos e dos grandes peixes.

As fazendas às margens do rio também tiveram outra participação importante nesse processo de degradação ambiental. Eliminando as matas ciliares, as barrancas do rio ficaram vulneráveis ao ciclo das chuvas, sendo arrancadas em grandes blocos de terra lançados dentro do rio. Isso provocava três efeitos críticos: primeiro, o alargamento do rio pelo desabamento gradual das margens; depois, esses grandes volumes de terra reduziam a profundidade do rio, em um fenômeno conhecido como “assoreamento”; finalmente, o aumento da temperatura do rio, devido à menor profundidade das águas. Todo esse processo causava não apenas a redução da ictiofauna, mas também o aumento significativo da evaporação das águas do rio, reduzindo seu volume e sua vazão. Vale destacar que o São Francisco se encontra na região do Semiárido, onde na maior parte de sua extensão o volume de chuvas não passa de 300 mm/ano!

A barragem da represa teve, ainda, outro efeito devastador: muitas espécies de peixes têm seu ciclo de vida regulado pelas estações do ano e, no segundo semestre, começa a migração no sentido da foz para a nascente, conhecido como “piracema”. As fêmeas de cada espécie desovam sempre na mesma época do ano, percorrendo as mesmas distâncias. Porém, encontrando um obstáculo intransponível em seu caminho, não conseguem prosseguir e tentam desovar ali, aos pés da barragem. A desova prematura não permite a fecundação plena dos ovos, e a população diminui constantemente até sua extinção. Só sobrevivem aqueles que se adaptam ao novo ciclo do rio.

Do outro lado da barragem, outro fenômeno perverso acontece: o rio, que corria em sua velocidade e declividade natural, encontra a barragem e para, formando o grande lago artificial. As águas paradas favorecem um processo físico de sedimentação, tornando as águas cristalinas, e desprovidas de seus nutrientes naturais. Peixes de correnteza, que também dependem da turbidez das águas, perdem a capacidade de caçar, e desaparecem gradualmente, provocando transformações na cadeia alimentar.

As águas profundas do lago artificial da represa provocam alterações no pH e na temperatura, que também afetam a reprodução das espécies que habitam o rio. Do outro lado da represa, o grande volume de água despejado pelo vertedouro e pelas turbinas também provoca alterações substanciais no substrato e nas próprias águas do rio. Toda cadeia de vida é profundamente afetada pela construção da barragem, que separa o rio em duas partes completamente isoladas. Já não é mais um rio somente, mas dois!

O rio São Francisco possui cinco hidrelétricas e oito barragens: Três Marias, Sobradinho, Itaparica, Paulo Afonso (I, II, III e IV) e Xingó. É como se houvessem nove pedaços de rio, isolados por barragens, em um mesmo ecossistema. Para agravar ainda mais os impactos sobre a ictiofauna, nas represas foram introduzidas espécies exógenas, principalmente carpas, tilápias, tambaqui, pacu-caranha e o bagre africano. Essas espécies, por serem desconhecidas dos peixes nativos, não encontram predadores naturais e acabam por proliferar e dizimar grande parte das espécies nativas.

A irrigação desordenada é outro problema crítico do rio São Francisco. Iniciada a partir dos projetos de agricultura do semiárido, acabaram por comprometer a vazão do rio, além de se tornar um elemento condutor de agrotóxicos, utilizados amplamente nas plantações, para dentro do rio, ao escorrer pelo solo árido do sertão. Destaque especial para a transposição de suas águas para a bacia do Parnaíba, cuja vazão estimada é de 99 m³/s, embora os canais tenham capacidade nominal de 125 m³/s. O destaque desse projeto é que, em sua origem, previa a reposição desse volume de águas por um canal trazido do rio Tocantins, e que foi abandonado pelo atual projeto em desenvolvimento.

Mas os problemas do Velho Chico não se resumem apenas às suas próprias águas. A Bacia do São Francisco é composta por cerca de 150 afluentes, sendo 100 deles perenes e os demais intermitentes, conforme a época do ano. Esses tributários, por sua vez, são formados por centenas de outros afluentes menores, até os pequenos córregos que, em sua totalidade, constituem o complexo ecossistema do São Francisco, o único que se encontra inserido completamente no território nacional e que abastece praticamente toda a região do semiárido nordestino. Nele habitam cerca de 20 milhões de pessoas, inclusive a Grande Belo Horizonte, através de seu maior afluente, o Rio das Velhas.

Os problemas do rio São Francisco começaram na época do Descobrimento, quando foi encontrado por Américo Vespúcio, em 1.504. Desde então, vem sendo habitado gradualmente, primeiro por pequenos lavradores e pescadores, depois pela instalação de cidades cada vez maiores e mais problemáticas para a vida do rio. O mais grave é a poluição, que se manifesta em três processos distintos. O primeiro já mencionamos, que é o da contaminação por agrotóxicos. O segundo é decorrente do despejo de esgotos urbanos sem tratamento em todos seus afluentes. E o terceiro é a poluição industrial, pelo despejo de dejetos de fábricas, produtos químicos e metais pesados, que contaminam o rio e seus habitantes, peixes, animais que habitam suas margens, e pessoas.

Na década de 1960, quando foi construída a Hidrelétrica de Três Marias, instalou-se em sua jusante, às margens do rio, uma fábrica da Votorantim, que produz manganês e despeja em uma lagoa seus resíduos químicos, altamente tóxicos. Em 2004, um grande desastre ecológico aconteceu pelo derramamento desses produtos químicos no leito do rio, matando milhões de peixes e depositando no substrato uma grande quantidade de metais pesados que, a cada vez que as comportas são abertas, revolvem o leito e trazem novos acidentes menores. Foi o pior desastre ecológico acontecido nos rios brasileiros.

A Hidrelétrica de Sobradinho, no ano de sua construção (1970), produziu o maior lago artificial do mundo em volume de água, alagando uma extensão de 400 km e uma largura máxima de 25 km, desalojando cerca de 70.000 pessoas e deixando submersas as cidades de Pilão Arcado, Casa Nova, Remanso, Santo Sé e Sobradinho. Além do deslocamento de toda essa população, com graves impactos sociais, Sobradinho alterou todo ciclo de vida do rio, eliminando centenas de lagoas marginais que sustentavam a riquíssima vida silvestre que, em grande parte, desapareceu para sempre.
Os problemas do Velho Chico são imensos e não se esgotam nesta pequena avaliação. Estima-se que o rio perdeu cerca de 75% de seu volume original de água desde que foi descoberto. Hoje, sua vazão na foz é de 2.700 m³/s e continua diminuindo. A 50 km da foz as águas são salobras e detecta-se sal marinho até a 250 km da foz. Ainda não se conhecem os impactos da transposição, e estão planejadas mais duas grandes hidrelétricas, ambas no baixo São Francisco, além de centenas de pequenas centrais hidrelétricas em seus afluentes. As obras de revitalização são poucas e insuficientes, e o desrespeito ao Código Florestal causou impactos irreversíveis em toda extensão do rio. Por isso, dizem que o Velho Chico está morrendo, levando consigo lendas, tradições e sua beleza incomparável...

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Votorantim Metais causa desastre ecológico

“Cheguei em Três Marias em 1951, com 11 anos de idade. Eu vendia pão na rua. Um dia, vi um cardume de peixes no rio e decidi tentar pescar alguma coisa. No primeiro dia peguei uma corvina de dois quilos. O preço que consegui por ela era igual a tudo que eu ganhava vendendo pão durante um mês! Aqui era um paraíso para os pescadores”. Esse é o início da história do pescador Norberto dos Santos. A região de Três Marias, onde o rio São Francisco representa a principal fonte de vida e sustento da população, tem sido explorada por fortes interesses econômicos, principalmente pela atuação da siderúrgica Votorantim Metais.

Norberto conta que, “em 1969, a Votorantim começou a funcionar. Foi o maior desastre ecológico que já vi. Matou tudo, até barata d’água morreu. A empresa jogava os resíduos no córrego Consciência, que ia direto pro rio. De 1969 até 1990, todos os anos era essa tragédia. Os peixes morriam por asfixia porque não tinha oxigênio. A água ficava vermelha de tanto resíduo. Em 1997 estourou um cano na empresa e morreram 50 toneladas de peixes. A partir de 2004, começaram a morrer os “nobres” do São Francisco, que são os surubins. Até surubim de 90 quilos apareceu morto! De 2004 a 2008, nós calculamos que perdemos no mínimo 5 mil exemplares de matrizes reprodutoras. São fêmeas que pesam uns 40 quilos e cada uma tem 4 quilos de ovos, com 2 mil ovos por grama. No total calculamos que devem ter morrido 100 toneladas de surubim. E continuam morrendo.”

O Pescador Moisés dos Santos conta uma história semelhante.“Nasci na beira do São Francisco. Sou filho de pescador e minha família vivia da pesca. Mas a chegada da Votorantim afetou todo o ecossistema. Nós dependemos do rio para sobreviver”.

Os resultados de diversos relatórios técnicos confirmam índices altíssimos de contaminação por metais pesados na água, sedimentos e peixes. Um relatório do SISEMA (Sistema Ambiental do Estado de Minas) constatou que o nível de zinco nas águas do córrego Consciência, afluente do São Francisco que recebe dejetos da Votorantim, atinge o alarmante índice de 5.280 vezes acima do limite legal. O Cádmio apresenta uma quantidade 1140 vezes acima do permitido, o chumbo 46 vezes e o cobre 32 vezes acima do limite legal.

Sobre a morte de peixes, o relatório do SISEMA concluiu que isto ocorre porque "O efluente da CMM (Companhia Mineira de Metais ou Votorantim Metais) em estado coloidal, após diluição pelas águas do rio São Francisco, deposita-se nas guelras dos peixes na forma de uma película impermeabilizante, provocando morte por asfixia. Esta hipótese é viável, pois a concentração de zinco e outros metais pesados tem sido mais elevada nas partes externas dos peixes. Outra hipótese, seria o acúmulo destes elementos na cadeia alimentar, fenômeno que seria agravado quando da ocorrência de concentrações muito elevadas de zinco nas águas, acelerando o processo de intoxicação."

Além dos laudos técnicos, qualquer pessoa pode constatar a presença de metais nas margens do rio. Navegando no córrego Consciência, é possível coletar resíduos tóxicos no solo de suas encostas. De 1969, quando a empresa começou a funcionar, até 1983, quando foi construída a primeira barragem de contenção de resíduos, não houve nenhum controle ambiental. Mesmo após esse período, não houve um controle eficaz da poluição.

“As barragens que foram feitas para conter a contaminação estão na beira do rio e não são impermeabilizadas. Além disso, essas barragens têm bombas que jogam os resíduos diretamente no rio. Nossos poços artesianos estão contaminados. Dependemos de caminhão pipa porque não temos água potável. O tamanho da destruição é incalculável. Mas, além da empresa, eu culpo também os órgãos ambientais, que não fazem nada. Só mandam o batalhão de choque para fiscalizar os pescadores”, explica Norberto.

Exames realizados pela FUNDACENTRO na população local constataram contaminação por arsênio, manganês e zinco. “É muito sofrimento pra gente que vive na beira do rio. Os olhos e o nariz ardem tanto que parece pimenta. Vem aquela poeira cor-de-rosa e a boca fica seca, às vezes até ferida. Irrita a pele e resseca o cabelo. A gente não pode beber a água do rio e nem lavar roupa. Agora meus filhos não podem viver da pesca. Vão fazer o quê? É o fim do mundo”, conta Maria dos Santos, moradora da região.

Cleide de Almeida, que mora em uma ilha no local, explica que, “as hortas morreram, tinha muita fruta antes, mas as árvores morreram. Até a água subterrânea está contaminada. A Votorantim acabou com muita coisa. Quando desce o minério pela encosta do rio fica um cheiro ruim e mata as plantas. Até os peixes vivos ficam fedendo. Quando bate o vento do lado da empresa, dá tanta tosse que não tem remédio que cure. Tem menino novo encostado, que pegou câncer e se aleijou trabalhando pra empresa. E o Antonio Ermírio é o homem mais rico do Brasil! Coitado do rio, não tem dó. Tem que tratar dele desde aqui. E imagina que esse rio vai até Pernambuco”!

O Sindicato dos Metalúrgicos de Três Marias possui registro de 145 trabalhadores que foram afastados da Votorantim Metais por doenças ocupacionais ou acidentes de trabalho. Os documentos demonstram que a partir de 2000 a situação piorou, pois a empresa instituiu um programa de reestruturação produtiva que reduziu o número de trabalhadores e aumentou a jornada de trabalho.

“Fui afastado em 2003. Tive que fazer uma cirurgia na coluna e depois fui despedido. O trabalho braçal acabou com a minha saúde. Com a reestruturação da empresa, tínhamos que trabalhar mais rápido”, afirma o operário Carlos de Lima. Outros trabalhadores têm histórias parecidas. “Diminuiu o pessoal e aumentou o trabalho. Isso arrebentou a gente. Meu ombro estourou e hoje sou aposentado, mas não recebi seguro. Por isso tem muita gente doente que continua trabalhando”, conta Pedro de Souza.

Para não conceder aposentadoria, a empresa obriga os funcionários a trabalharem doentes, através de um suposto programa de reabilitação. Depois de alguns meses, muitos são despedidos e perdem o plano se saúde. “Tive artrose no ombro. Fiz duas cirurgias, mas não tive melhora. Tenho limitação para mexer o braço. O médico falou que era só problema da minha cabeça e que eu podia voltar para a mesma função. Eu aplicava remédio para dor e continuava a trabalhar”, explica o operário Geraldo Leite.

Outro problema, como denuncia Adimilson Costa, é que “os trabalhadores sofrem com o esforço repetitivo e também com contaminação com cádmio e chumbo. Quando precisamos de mais de um exame, os médicos não autorizam. Por exemplo, não podemos fazer mais de uma ressonância magnética para comparar e ver se melhoramos com o tratamento”.

A historia de Sérgio de Almeida não é diferente. “Eu trabalhava nos fornos, com óxido de zinco. Carregava lingote de até 70 quilos. Antes o turno era de seis horas, mas depois passou pra oito horas. A empresa fazia competição entre as turmas para ver quem trabalhava mais. Sofri um acidente de trabalho e fui afastado. Meu tratamento foi interrompido em dezembro porque a Votorantim diz que não tem responsabilidade. A médica perita do INSS é esposa do gerente e mora dentro das dependências da empresa. Não paga aluguel, água, luz, nada. O chefe dos peritos do INSS já trabalhou para a Votorantim e agora tem uma psicóloga que é a “olhera”. Quer saber nossos problemas para contar para a empresa. Quando fazemos manifestação na porta da fábrica a polícia chega batendo com cassetete. Os fiscais do IBAMA avisam quando vão fazer inspeção. Aí o gerente manda esconder tudo”. Há também casos de acidentes graves, como conta Carlos Roberto. “Comecei a trabalhar na Votorantim em 1986. Em 1991, sofri um acidente e queimei metade do corpo com zinco. Fiquei quatro anos em tratamento e fiz seis cirurgias. Não posso exercer atividades no calor ou carregar peso, mas a empresa me obrigou a trabalhar através do programa de reabilitação que criou com o INSS. Como precisava pegar peso, em 2003 tive que fazer outra cirurgia porque tive uma trombose na perna”.

Vanderlei Oliveira explica que teve que se aposentar com 26 anos porque trabalhava no setor de fundição e sofreu um desligamento no ombro. “Fiz cirurgia, mas fiquei com seqüelas e o ombro atrofiou. Mesmo assim, fui liberado para voltar a trabalhar carregando peso. Aí adquiri hérnia de disco”, explica.

Para o metalúrgico Isac Laurentino, há ainda o problema da discriminação de trabalhadores doentes. “Fui afastado em 2004 com problemas no ombro e na coluna. Depois de um ano, a empresa mandou que eu voltasse para mesma função. Sinto muitas dores, mas tenho que trabalhar com fundição de zinco. A empresa cria conflito e competição entre os funcionários e os outros acham que eu não estou doente. Tenho que cumprir a reabilitação, senão vou ser despedido. Outros colegas têm medo de dizer que estão doentes, para não ser discriminados. A família sofre, a gente passa vergonha”.

O poder da Votorantim, que domina a economia local, dificulta a organização dos trabalhadores. “É difícil organizar porque a empresa quer nos desunir. Então tenta cooptar, ameaça despedir quem não depor a favor dela. Sempre formam chapa branca para ganhar a eleição do sindicato, mas nunca conseguiram”, explica o sindicalista Jorge Mendes.

A impunidade da empresa é um dos principais problemas, como afirma o operário Valter Ramos. “A Votorantim tem influência na justiça e na política. Por isso polui o rio, a gente fica doente e não acontece nada. A empresa despeja resíduo de cádmio, zinco, chumbo, arsênio, cobre, cério e lantânio nas margens do rio. Não nasce nem capim”.

A opinião dos operários coincide com a dos pescadores. Norberto dos Santos conta que sua pele fica ferida só de entrar em contato com o lodo do rio. “As algas ficam vermelhas e deixam nossa pele em carne viva. Vários pesquisadores de universidades já constataram a presença de arsênio, chumbo, zinco, cádmio e outras substâncias tóxicas na água. O pior é que não sabemos o que fazer. Não tenho esperança nas ações do Ministério Público. Eles dizem que dependemos da boa vontade da empresa e que devemos aceitar o que oferecem. Dizem que a justiça é lenta, que os processos podem demorar mais de 50 anos e nós morremos antes disso”.Para o pescador Moisés dos Santos, a solução é a organização popular. “Os termos de ajuste de conduta que a empresa assina com o Ministério Público, mesmo sendo paliativos, não são cumpridos. Se cumprissem a lei, a Votorantim seria fechada. Em dezembro de 2006, paramos a BR por 13 horas para protestar contra esse descaso. Só assim vamos conseguir alguma coisa”.


Maria Luisa Mendonça, enviada especial a Três Marias (MG)


Publicado em 7 de abril de 2008

Luta dos pescadores contra Mineradora Votorantim

Contaminação do Rio São Francisco 


Fonte: (Boca no Trombone) escrito em quarta 06 abril 2011 12:42




A Votorantim Metais (antiga Companhia Mineira de Mineração - CMM), foi instalada no município de Três Marias (Centro-Norte de Minas Gerais), a jusante da Usina Hidrelétrica de Três Marias, nas margens do São Francisco, no ano de 1969. A fábrica produz, principalmente, zinco metálico, ligas de zinco e óxido de zinco.

Até 1986, por um período de 20 anos, a Votorantim lançava os rejeitos industriais diretamente no rio, sem nenhum tipo de tratamento. Vários foram os desastres ambientais causados pela empresa, como relatam os pescadores, e mostram os documentos dos órgãos ambientais. Depois de várias denúncias, em 1986 a Votorantim construiu uma barragem de contenção de rejeitos na margem direita do Rio São Francisco, mas em Área de Preservação Permanente.

Os problemas continuaram. Posteriormente construíram a “barragem nova”, que apresenta problemas de infiltração por causa das irregularidades na construção, bem como a localização e solo inadequados para uma barragem de contenção de rejeitos. Recentemente, a mortandade de peixes, principalmente surubins adultos, alarmou a população.

Vários relatórios e analises químicas de órgãos ambientais mostram que água, sedimentos e peixes apresentam índices alarmantes de contaminação por metais pesados: zinco (5.280 vezes acima dos níveis estabelecidos pelo CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente), nas águas do córrego Consciência, cobre (32 vezes acima do permitido), chumbo (42 vezes) e cádmio (1140 vezes).

Segundo estimativa dos pescadores de Ibiaí, desde final de 2004 já morreram 200 toneladas de peixes, principalmente surubins. Contam que antes deste desastre pescavam 35 a 50 surubins por período da pesca (março a outubro), hoje apenas 2 a 5 peixes. Ou seja, caiu em 90%. Além disso, contam que se pescava, até com certa facilidade, surubins de 50 a 70 kg; hoje é raro se pescar um surubim de mais de 20 kg.

A contaminação por metais vem causando diversos impactos; a mortandade de peixes é o mais evidente, mas certamente atinge todo o ecossistema do Rio São Francisco, inclusive as comunidades. Estudos apontam que existe uma presença maior de metais nas localidades mais próximas à metalúrgica.


Mas, com a dinâmica do rio, essa contaminação deve ter uma dimensão territorial muito maior, como também o impacto na cadeia alimentar. As águas contaminadas e os sedimentos podem se arrastar por muitos quilômetros ao longo do rio. Peixes mortos apareceram entre Três Marias e Barra, na Bahia. A principal espécie afetada é o Surubim adulto, que percorre grandes distancias na bacia.

O Ministério Publico vem investigando o caso, e já fez alguns TACs (Termo de Ajustamento de Conduta) em relação a vazamentos, mas sobre o problema da morte dos peixes não houve nenhum avanço, porque a empresa não reconhece que é a culpada do desastre.


Em dezembro de 2006, o COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental) concedeu à empresa a renovação da licença ambiental por mais 4 anos. Para obter essa concessão a empresa comprometeu-se em fazer os seguintes ajustes:

- construir uma terceira barragem para contenção de rejeitos: a Barragem Murici, que foi aprovada recentemente pelo COPAM. Aqui existe grande polemica, pois não existe garantia, nem confiança na empresa, que essa barragem será eficiente; 

- retirar os resíduos da barragem velha, e da atual barragem, que tem sérios problemas de vazamento;


-despoluir o leito do Córrego Consciência e colocar os seus rejeitos na barragem Murici.

A construção da nova barragem, a chamada barragem Murici, ainda está em fase de licenciamento, mas a empresa continua em pleno funcionamento, apesar dos protestos e denúncias. E o pior: a empresa pretende expandir ainda mais suas atividades, investindo R$ 763 milhões no setor de zinco. Com essa ampliação a produção em Três Marias irá passar de 180 mil toneladas para 260 mil toneladas.



Os pescadores artesanais se mobilizam

Na foto: Ponte sobre a BR 040, sobre o Velho Chico, em Três Marias.
Ao fundo instalações da Votorantim Metais,
com barragem de rejeitos minerários na beira do rio São Francisco.
No Estado de Minas Gerais, na calha do Rio São Francisco, estima-se que existam mais de 4.500 pescadores filiados nas colônias.

Considerando a estimativa dos pescadores artesanais filiados nas colônias e os associados (existem muitas outras associações) temos uma estimativa de quase 8 mil pescadores só no Rio São Francisco, sem contar os pescadores dos afluentes.


Além das mobilizações de denúncia, principalmente através da audiência pública feita na câmara de vereadores de Três Marias. Os pescadores moveram duas ações civis públicas contra a empresa, responsabilizando-a pelos danos na atividade econômica e reivindicando indenização financeira pelos danos econômicos. Além disso, um grupo de pessoas e uma entidade de Três Marias entrou com uma ação contra danos ambientais.

O Ministério Público Estadual vem fazendo um inquérito para apurar causas e denunciar os responsáveis. Os processos estão em andamento.


Mas os problemas persistem e são tratados com descaso pela Votorantim Metais.


Foi alertado que quem deveria ser preso era a Votorantim, pois está contaminando com metais pesados o rio São Francisco.



Isso é crime hediondo. Essa barragem já foi interditada, mas não foi ainda construída outra barragem capaz de conter os metais pesados e impedir que caiam no Velho Chico.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Três Marias: 160 velejadores disputam 2² etapa do 38° Campeonato de Vela


Começou, nesta terça, 24, a segunda etapa do 38º Campeonato Brasileiro da Classe Laser, com as regatas das categorias Standard e 4.7, que iniciam a disputa da segunda etapa do 38º Campeonato Brasileiro da Classe Laser. As provas vão reunir 160 velejadores na represa da hidrelétrica de Três Marias, no Noroeste de Minas, até sexta-feira, 27.

Medalha de ouro nos Jogos Sul-Americanos de Praia e campeão no ranking da Associação Brasileira da Classe Laser (ABCL), o paulista João Hackerott é um dos favoritos na classe Standard. Aos 22 anos, ele coleciona conquistas em competições nacionais e no exterior. Após temporada de campeonatos na Europa, João estava em treinamento intenso no litoral norte de São Paulo. ´Para mim, o Brasileiro da Classe Laser tem um grande peso. Uma vitória duas semanas antes da seletiva para as Olimpíadas de Londres é muito importante´, destaca.

Após competir no Mundial de Vela em Perth, na Austrália, o catarinense Alex Veeren também está na disputa pelo título na classe Standard. No ano passado, ele conquistou o Campeonato Sul Brasileiro de Laser e foi vice-campeão no Campeonato Brasileiro.

Na classe 4.7, os destaques são os velejadores Lucas Farina, campeão no ranking nacional da classe, e Antonio Cavalcanti Rosa, vencedor do Campeonato Brasileiro em 2011. Nicholas Grael, filho do medalhista olímpico Lars Grael, faz sua estreia em campeonatos brasileiros nas classes Radial e 4.7.

Campeonato Brasileiro
O 38° Campeonato Brasileiro da Classe Laser é a primeira seletiva para os mundiais da International Laser Class Association (ILCA) e reúne 180 velejadores. Serão 96 velejadores na categoria Standard e 64 na 4.7, além daqueles que disputaram a Radial na última semana. A disputa desta modalidade olímpica de vela com apenas um tripulante terá representantes de 13 estados do país.

Classe olímpica masculina, a Laser Standard é composta por velejadores com 80 kg e área vélica de 7,06 m². Transitória do Optimist para a Radial ou Standard, a Laser 4.7 reúne competidores com até 65 Kg e possui área vélica de 4,7 m².

No último domingo, 22, foram encerradas as competições das categorias Radial Feminino e Masculino. O catarinense Mario Mazzaferro e a paulista Maria Altimira Hackerott foram os grandes vencedores. Na categoria, o campeonato registrou número recorde de participantes, com 104 velejadores. O resultado completo da competição na Radial Feminino e Masculino está disponível no site da ABCL.

Ineditismo

Localizada a 275 km de Belo Horizonte, Três Marias é a primeira cidade do interior do Brasil a receber o Campeonato Brasileiro da Classe Laser. Outro marco inédito é a realização do campeonato no reservatório de uma usina hidrelétrica. O município banhado pelo Rio São Francisco foi escolhido pelas condições ideais para a prática de vela. O lago é um dos maiores do país, com 21 bilhões de metros cúbicos de água, sendo sete vezes maior que a Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

Nos últimos anos, o lago de Três Marias sediou o Campeonato Centro-Oeste da Classe Laser (2008 e 2010) e o Campeonato Mineiro da Classe Laser Standard (2009), além das três edições do Tiro de Canoa.

O 38º Campeonato Brasileiro da Classe Laser é organizado pela ABCL, Prefeitura Municipal de Três Marias e Cemig, que também é patrocinadora do evento juntamente com a Votorantim Metais.

Fonte: TV UAI 2.0

terça-feira, 8 de junho de 2010

O Rio São Francisco está morrendo! E você?

Publicado no site "Ação Socialista" em 03/10/2009, quando eu ainda estava no rio, em minha expedição pelo São Francisco

Colaboração: Fernanda Oliveira*

Denúncia:


Estamos em Três Marias às margens do rio São Francisco protestanto contra a empresa Votorantim Metais, que desde a década de 60 vem cometendo vários crimes ambientais e sociais na região.

Nesta manhã, 02/10/2009, às 6 horas, centenas de manifestantes fecharam a BR040 e bloquearam a porta da fábrica, reivindicando melhores sálarios e o fim dos crimes ambientais que há anos vem prejudicando a saúde do Velho Chico e a de milhares de pescadores que do rio sobrevivem.

Neste exato momento a Polícia Militar está na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Três Marias tentando prender alguns companheiros. Essa postura é mais uma prova da relação que empresa/estado tem com trabalhadores, pescadores, Sem Terras e estudantes, que em uma manifestação pacífica tentam lutar por seus direitos.

Ajude a divulgar o nefasto papel que a empresa Votorantim Metais vem cometendo em Três Marias!

Carta aberta

Somos pescadores(as), vazanteiros(as) trabalhadores(as) sem terra, operários(as) e estudantes. Por ocasião do Dia e da Semana do Rio São Francisco, viemos de vários municípios de sua Bacia manifestar a nossa indignação e a nossa revolta diante da VM – Votorantim Metais, em Três Marias – MG.

1. Essa empresa é a principal responsável pela poluição do Rio São Francisco com metais pesados. Desde final de 2004, já morreram 200 toneladas de peixes, principalmente surubins adultos, contaminados por rejeitos tóxicos lançados pelo processamento de zinco da Votorantim Metais. Os pescadores(as) e as populações ribeirinhas tem sido os maiores prejudicados por essa tragédia, mas também a sociedade em geral e o meio ambiente.

Relatórios e análises químicas de órgãos ambientais mostram que água, sedimentos e peixes apresentam índices alarmantes de contaminação por metais pesados, muitas vezes acima dos permitidos pelo CONAMA – Conselho Nacional de Meio-Ambiente: zinco – 5.280 vezes; cádmio – 1140; cobre – 32; chumbo – 42.

A VM começou a operar em 1969 e por 14 anos lançou seus rejeitos diretamente no rio. Somente em 1983 foi construída uma barragem de contenção de rejeitos. Mas, para facilitar a vida da empresa, a barragem foi construída na barranca do rio! Os metais pesados, através da infiltração, continuaram a se acumular no leito do rio. Hoje existe no fundo do rio um metro e meio de lama tóxica. Quando as comportas da barragem de Três Marias são abertas essa lama é revolvida contaminando ainda mais a água e os peixes.

A poluição industrial da VM sempre esteve no cerne da contaminação das águas do Rio São Francisco. Por isso, os órgãos ambientais – os que não se vendem – exigiram a desativação da primeira barragem. Uma segunda foi construída pela empresa, mas de forma irregular, desrespeitando normas técnicas exigidas pelos órgãos ambientais . Continuou ocorrendo infiltração e a segunda barragem também foi reprovada. Em 2005, a empresa comprometeu- se em construir uma terceira barragem e cumprir mais 25 Termos de Ajustes de Conduta. A poluição continua, e não se tem informação sobre o cumprimento dos termos.

2. Estamos aqui também protestando contra a transposição do Rio São Francisco. A obra, em construção pelo Exército, é apresentada pelo Governo Lula como solução para os problemas de falta d’água na região semi-árida. Grande mentira! A transposição atende aos interesses de grandes empresas construtoras, como a VM, e do agronegócio da irrigação para exportar frutas, etanol de cana, camarão, etc. As necessidades do povo são apenas discursos para legitimar o projeto e convencer o povo a pagar depois a conta da água, das mais caras do mundo. Não à Transposição. Conviver com o Semi-Árido é a Solução!

3. Nossa luta é também por Soberania Alimentar. Nesta primeira semana de outubro, no mundo inteiro, há mobilizações em defesa da produção dos alimentos pelas comunidades locais, contra as empresas transnacionais do agronegócio produtor de alimentos em monoculturas, com agrotóxicos e adubos industrializados, transformando a comida em mercadoria, contribuindo para o aumento da fome no mundo.

4. Denunciamos a CEMIG, pela abertura das comportas da usina de Três Marias para possibilitar os passeios turísticos do barco a vapor Bejamim Guimarães, e em época de outros eventos para camuflar a realidade do rio poluído, degradado e minguante. Com a súbita liberação das águas, muitas plantações dos vazanteiros são destruídas, e a consequência é mais fome.

Exigimos das autoridades responsáveis soluções definitivas destes graves problemas. Da Votorantim Metais cobramos o cumprimento dos acordos por ela firmados, principalmente a retirada da lama tóxica do fundo do rio e a indenização aos pescadores!

São Francisco Vivo – Terra, Água, Rio e Povo!

Por Reforma Agrária, Justiça Social e Soberania Alimentar e Energética!

Água e Energia Não São Mercadoria!

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* Fernanda Oliveira é geógrafa e militante do “Movimento pelas Serras e Água de Minas” e da “Articulação Popular do São Francisco”

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